Enquanto isso em Sergipe… o governo sobrevoa a crise e aterrissa apenas onde há palanque

Enquanto isso em Sergipe… o governo sobrevoa a crise e aterrissa apenas onde há palanque

Ontem, em Poço Redondo, mais uma vez o chefe do Executivo estadual chegou do alto, a bordo de um helicóptero do Grupamento Tático Aéreo (GTA). O evento? Mais uma edição do Sergipe é Aqui, programa itinerante que leva a comitiva governamental ao interior de Sergipe. 

A cena, repetida em outras agendas, reforça um traço que se torna cada vez mais visível: O uso dessa estrutura, que deveria ser exclusivamente para missões emergenciais, resgates e segurança, virou símbolo de regalia. 

Um dia para Poço Redondo, noutro para Lagarto. Mês passado, quando o vice-governador passou mal na praia, a aeronave também entrou em ação para resgatá-lo. O uso constante da estrutura aérea do Estado não é disfarçado; pelo contrário, parece incorporado à rotina, como um direito inquestionável do poder.

Mas esse hábito luxuoso contrasta com o chão duro da realidade sergipana. Nos últimos meses, a negligência da saúde pública marcou tragicamente a vida de famílias sergipanas: um bebê perdeu após dias na fila de leitos de UTI, um paciente oncológico perdeu a vida por falta de medicamento e atrasos no tratamento oncológico, centenas de famílias enfrentam o colapso da saúde pública sem perspectiva de mudança.

Mas em vez de pousar no epicentro da crise para enfrentar os problemas, Fábio Mitidiere sobrevoa o caos e aterrissa apenas onde há palanque.

Assim, Sergipe assiste a um governo que parece viver numa realidade paralela – onde o barulho das hélices abafa o grito por socorro que ecoa da garganta dos Sergipanos.